sábado, 23 de março de 2019

Bate-bola com Rogério Batalha

Qual seu poeta preferido?
Manuel Bandeira

Qual poeta contemporâneo você colocaria em destaque?

Entrevista com Rogério Batalha

Rogério Batalha lança "Hérnia" livro de poemas em prosa que trazem uma profunda e instigante reflexão sobre a dor. Também está saindo o disco de samba "Hoje o dia raiou mais cedo", trabalho do trio formado pelo cantor e compositor Agenor de Oliveira e os poetas e letristas Mauro Santa Cecília e Rogério Batalha com participações de Ney Matogrosso, Frejat e Nelson Sargento.

Confira a entrevista exclusiva do poeta para o Blog da TextoTerritório.


- Quando e como você se descobriu poeta? fale um pouco sobre sua formação.
Eu entro em contato com a poesia mais ou menos aos 15 anos, através da MPB; só depois de uns dois anos descubro a poesia escrita.

- E o trabalho como letrista, veio antes ou depois da poesia em livro?
Vieram juntos, mas as letras foram musicadas antes dos poemas serem publicados.

 - Conte um pouco sobre a experiência dos saraus na Lona Cultural com o Waly Salomão.
 Pois é, o Waly já tinha escrito umas coisas sobre mim, aí levei ele para conhecer a Lona, ele teve a ideia de uns recitais meio beatnik (com baterista e tudo), aí eu era seu convidado, rodamos algumas lonas, ele às vezes dizia, quando me chamava ao palco: "Vou convidar um cara aqui chamado Rogério Batalha, mas não pensem que ele é como a gente, ele é louco!!!"

Conheçam Hérnia, novo livro de Rogério Batalha


Hérnia, de Rogério Batalha
à venda na editora 
Sempre que um grande poeta lança novo livro, as antenas da leitura devem se abrir, pois o leitor será confrontado nas suas certezas maiores. Hérnia, de Rogério Batalha, em prosa poética, fala da dor, do deslocamento provocado pela dor; “já que a vida espalha um monte de espinho por aí pra ver se a gente acorda”, o leitor, partícipe desta dor, deve percorrer as vértebras todas da invenção e recolher seus cacos até o limite das possibilidades abertas sobre o mundo, para que aprenda a resistir.

Hérnia, quando a vida se apresenta e arde, estertora, rude. Hérnia, quando a vida se apresenta numa horizontalidade tal que o surto se torna inevitável. Hérnia, quando os muros se criam fechando a verticalidade da linguagem e suas seleções ficam restritas e as combinações têm de dar tratos à bola para que ainda assim possam os poetas – e os leitores – perceberem o brilho que de toda forma a potência da vida ainda guarda. Hérnia, quando a luta se torna necessária. Hérnia, quando os tempos dos tenazes, da unha arrancada retornam. Hérnia, enfim, quando as pessoas necessitam de rugir como leões e vociferar contra os domadores que – no circo armado – as atacam.

A dor íntima se transmuda em dor universal, a sandy-amulatada, o eros-amputado, a pobreza-mãe, todos, que somos nós com nossas histórias, devem “ter lá seus habeas corpus”, contra “a condução coercitiva da vida”. Uma receita que se avia contra a dor permite que de insônia em insônia eliminem-se as tocaias da dor, mais que as receitas prosas dos médicos de plantão, dos poetas românticos com suas dores em falsete. A dor de Hérnia – ou da hérnia – pressupõe limites.

Os limites da dor em Rogério Batalha possuem uma dobra que não deixa o leitor se restringir a uma única percepção, a um gritar inútil e desesperado, mas se arma até os dentes para atingi-los no cerne mesmo das concepções da vida e construir a partir da reativa capacidade de coagir o desespero e a angústia, até que deles faça brotar um baobá, a ancestralidade das raízes profundas, que em sua poesia costuma chamar sagacidade.

sábado, 16 de março de 2019

Catábase, poema inédito de Alexandre Faria

Catábase
Alexandre Faria

1
Na deep web
Oito querubins
Torturam
Dois atiradores mandados

Alternam-se
Agulha nos olhos
Ferrete nos lombos
Unhas no alicate
Lanho nos ombros

2
No porão
Canas federais

quarta-feira, 6 de março de 2019

Desacato

O verbo desacatar é de sentido e etimologia facilmente apreensíveis. De des- + acatar, significa, por extensão ao sentido de não acatar, faltar ao devido respeito; afrontar; e também menosprezar, menoscabar, desprezar.

Há o que mereça respeito. Há o que mereça desprezo. O povo é sóbrio, além de soberano. E sabe muito bem quem é quem. O ex-presidente do Brasil, deposto na última semana pelo autoproclamado presidente Zé de Abreu, fora eleito por esse povo sóbrio e soberano, que sabe desacatar. Mas agora uso o verbo noutro sentido.

Convocatória

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