domingo, 29 de dezembro de 2019

Declaração de meu Pai, por Carlos Augusto Corrêa

Declaração de meu Pai

Carlos Augusto Corrêa



"Monumento contra o fascismo"
de Gerz

Noite de Natal, momento também de recordações. Lembrei que numa das tantas noitadas, em que ficava conversando com meu pai depois daquele espoucar de fogos, ele sorriu sereno, desses sorrisos que confirmam uma vitória consolidada na base de muita dignidade e soltou: 

- Carlos, tenho uma certeza que só vai morrer quando eu partir. Dos três filhos que fiz, nenhum de vocês saiu um alcaguete e, pior, um fascista. Tivesse um filho ligado ao fascismo, eu não saberia onde pôr o rosto, se num vaso sanitário ou numa cloaca. O fascista, filho, é uma aberração da natureza humana, uma espécie de tsunami anual. Ele é um aborto sem qualquer razão.

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Natal 2019, por Elesbão Ribeiro

Natal 2019

Elesbão Ribeiro


ao primeiro deus fez o homem e o mundo
insatisfeito com o conjunto da obra
auto reproduziu-se
tornou-se filho de si mesmo
e fez -se sem mulher

Natal com Chuva

Carlos Augusto Corrêa 


Natal com chuva não vou rimar com casamento de viúva, nem com outra coisa parecida com essa brincadeira. Mas Natal desse jeito, sem praia, sem perambulação, ao contrário do que muitos pensam, é algo aprazível pra mim. Passar com os meus, entre familiares e amigos, dá a sensação de que estou partilhando ternura e compreensão.

domingo, 22 de dezembro de 2019

Estátua de Paulo Freire na Suécia, por Carlos Augusto Corrêa

Estátua de Paulo Freire na Suécia 


Carlos Augusto Corrêa 




Notícia boa pra todo brasileiro se orgulhar. Numa praça da Suécia, há uma estátua de Paulo Freire junto a Neruda, a Angela Davis e a Mao Tse Tung. Na verdade, o maior educador brasileiro figura também ao lado da feminista e sexóloga Elise Ottesen e do cientista Borgström. 

Vejam vocês. Paulo Freire e alguns outros nomes representativos de nossa cultura não são reconhecidos aqui, embora recebam todas as honras do exterior. Freire foi convidado a se retirar durante a tristíssima ditadura de 64. E recentemente, com o governo atual, foi também ostensivamente discriminado pelo presidente do país. Esta semana, o chefe de nossa nação teve a coragem de chamar de energúmeno o Patrono da Educação Brasileira. Energúmeno!? Paulo Freire teria sido um abestado? Ele não viveu numa estrebaria. Não conviveu com cavalos.

Como é bom saber da honraria a Freire! Bom saber igualmente por um outro motivo: é que, se em seu país ele mereceu o menosprezo dos governantes, o restante do mundo cultural o louva. Está muito claro que equivocada está essa minoria que vem acintosamente discriminando esse educador maior.

Esses poucos rejeitam a quem é o terceiro teórico mais citado no mundo em trabalho acadêmico. Eles dizem não a quem tem mais de 35 títulos de Doutor Honoris Causa.

Tachado infantilmente de comunista, quando no mundo não existe ainda a sociedade comunista, tachado de subversivo porque revolucionou o conceito conservador e ultrapassado de educação, os seus "críticos" preferem acreditar sabem em quê? Na "fabulosa" teoria da tal Escola sem Partido, muito conhecida em algumas esquinas do país.

Tenho orgulho de ser de um país que pariu um Cruz e Sousa, um Castro Alves, um Machado de Assis. Que gerou um Drummond, um Niemeyer. Um Paulo Freire. Nomes que, de fato, não apenas por foto, levam o país a ser respeitado culturalmente no planeta.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Resenha do livro "Poema da travessia", por

Publicado originalmente em:
http://kurumata.com.br/2019/12/13/bichos-na-travessia/

Bichos na travessia

Texto de Nonato Gurgel

13 de dezembro de 2019



Conheci a escrita de Ana Chiara no início do milênio. Seus livros Pedro Nava: um homem no limiar (2002) e Ensaios de possessão (2006), dentre outros textos em livros, revistas e jornais, sugeriam que aquela ensaística de ‘tom imaginário’ anunciava alguma ficção. Ana usava no ensaio procedimentos da ficção. Desde então, esperava este Poema da travessia (2019).

Enquanto esperava o livro, guardei num caderno de aulas de literatura o poema Madalena, publicado em jornal, no qual Ana relê a personagem trágica de Graciliano Ramos em São Bernardo. Começa assim o texto que estetiza a voz do culpado Paulo Honório:

Madalena, corujinha ensimesmada,

o ciúme monstro vadio
penetrou meus ossos, encharcou por dentro, virei calunga…
que estupidez, que porcaria
bichinho,
sol, chuva, noites de insônia, cálculos, combinações, violências…

Foi pensando nessa dicção oral de Madalena, que aguardei o livro lançado esta semana na UERJ. Poema da travessia é composto de 25 ‘cantos’, mais dois textos finais sem numeração. Tem ilustrações e posfácio do Artur de Vargas Giorgio, que ressalta na ‘performance’ da autora uma ‘arqueologia de si’, ‘uma espécie de escrita de si’. O volume abre com uma bela epígrafe do Baudrillard relacionando a viagem à ausência e ao corpo – dois temas que atravessam essa poética repleta de ‘mapa’ ‘passaporte’ ‘caderneta de viagem’ ‘trens noturnos’ e ‘aviso de trem’.


Travessia em si

Madalena não está no livro. Daquela dicção afetiva formatada em diminutivos (‘corujinha’, ‘bichinho’), quase nenhum eco. Poema da travessia é conciso, telegráfico. Suas linguagens verbais e não verbais remetem às formas breves, rasuras. Remetem à irreverência irônica, cortante, das poéticas modernas (Oswald de Andrade, Cacaso, Chico Alvim), e aos versos curtos, às vezes bruscos, como podemos ouvir no ‘canto’ XX dessa travessia de eco nietzschiano:

Terreno neutro
Desço aqui
Hoje

Estação sossego
Mapa aberto sobre os joelhos
Vejo estrangeiros na plataforma

Pensamentos em passos de pomba
Perturbam a espera
Sempre bom guardar um doce para depois
Como na autobiografia do Nietzsche, os bichos e sua fisiologia têm lugar nessa travessia. Os ‘pensamentos em passos de pomba’ rasuram a plenitude da lesma que, ao passar, deixava ‘um rastro prateado’. Além da pomba lê-se, nessa travessia, figurações do beija-flor, macaco, égua, cadela, galinha e lacraia, dentre outros. Nada daquela ‘corujinha’ que era a Madalena. Na travessia, lê-se uma lacraia deslocada. Lacraia pica, é predadora. Persegue insetos e animais pequenos.

Descobri que em cada segmento do corpo da lacraia existe um par de pernas, num total de pelo menos 15 pares. Daí tanto deslocamento, pensei, tanta perna pelo mundo, perna pela página. Para que tanta perna, meu deus, pergunta minha mente antiga viciada em anjos tortos, remate de males, citações sem aspas. Dessa matéria, a poeta compõe as ‘várias personas vampirizadas do texto alheio’, como lemos nos seus Ensaios de Possessão.

Desde os sertões do Guimarães Rosa e a música do Milton Nascimento, a palavra travessia transformou-se num signo poético-cultural que remete ao planeta Minas de onde vem Ana Chiara. Planeta barroco onde o exagero e a contradição moderna formatam o ‘gosto exagerado pelo real mais erradio’. Sua ‘travessia de través’ é feita pelas ‘veredas abertas’. Como na odisseia sertaneja do Riobaldo, essa é também uma ‘viagem no tempo’, tipo pé-na-estrada dizendo que ‘nada será como antes/… Precisa-se de algum amor’.

Citare, em latim, quer dizer por em movimento. E o que é a travessia senão uma ação que move, desloca? Desde o século passado, a gente aprendeu que o moderno é deslocado. Produzida ‘por deslocamentos mínimos’ (canto III), essa travessia poética inscreve modos de sobreviver, como no canto XII: ‘A lacraia sobrevive do intenso e lento deslocar-se’.

Entrevista de Marisa Loures com Oswaldo Martins na Tribuna de Minas

Publicado originalmente em:





Na íntegra a entrevista de Marisa Loures:

domingo, 15 de dezembro de 2019

Greta Ernman Thunberg( A "pirralha" que Admiro), crônica de Carlos Augusto Corrêa

Greta Ernman Thunberg( A "pirralha" que Admiro)

Carlos Augusto Corrêa


Volta e meia a história nos presenteia com ums talentos precoces. Anos atrás, foi a moça Malala, ativista em prol da educação e da mulher. Mais recentemente, outra moça, Greta Ernman Thunberg, uma sueca, melhor, uma suequinha danada, atenta ao aquecimento global e ao meio ambiente.

Acompanho a distância a sua caminhada. Ser ativista ambiental em sua idade não é tão comum. Tivesse eu um filho nessa faixa com a mesma preocupação, me sentiria feliz. Por que não? Afinal, teria gerado alguém que desde cedo teria resolvido pôr a boca no trombone.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

pinta, poema inédito de oswaldo martins

pinta

oswaldo martins

poema inédito de oswaldo martis, parte integrante de um novo livro que está sendo criado



1

destino

na pensão de dona dorvalina,
ela a única maria da pinta

na parte traseira da coxa
ao quase iniciar-se da bunda

a marca do divino redunda
em desejo peixeira e trouxa


2
paisagem

os teréns a estrada
os pés vencidos

a rachadura a racha
a seca maria a quase

ossos divisa nos ouvidos
algo a insurgir como sertão



terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Prof. Beto lê "Antiode para kalashnikov", de Alexandre Faria

"Antiode para kalashnikov", de Alexandre Faria, 

apresentada pelo Prof. Beto no Sarau da Universidade das Quebradas


Na última sexta, no Sarau da Universidade das Quebradas, no MAR (Museu de Arte do Rio), o Professor Paulo Roberto Tonani do Patrocínio leu uma das Antiodes do livro que acabamos de lançar.

Confira o vídeo:





Saiba mais sobre o projeto


segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Carte du Tendre, inédito de Ana Chiara

Carte du Tendre

Ana Chiara

Confira aqui um inédito do livro Poema da travessia, que a Editora TextoTerritório lançará, na próxima quarta, 11/12.

O livro já está em pré-venda com 10% de desconto no site da editora.

Deserto 4, de Artur de Vargas Giorgi


Mapas terrestres
Rotas caminhos
Pés calçados rês do chão
Desequilíbrio dos saltos

domingo, 8 de dezembro de 2019

Ah Poesia! - Carlos Augusto Corrêa

Ah Poesia!

Carlos Augusto Corrêa

Ah Poesia!
Esteja a sociedade com fartura de economia e vida política ou em situação dramática (como a nossa), estarão lá os poetas, esses seres frágeis por não terem a penetração de outros, mas vigorosos quando se trata de mostrar o seu trabalho.

sábado, 7 de dezembro de 2019

Entrevista com Artur de Vargas Giorgi


Artur de Vargas Giorgi é paulistano; reside em Desterro (Ilha de Santa Catarina) desde 2002. É professor de Teoria Literária na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Nas artes visuais, desenvolve um trabalho nada sistemático entre o desenho, a colagem, a fotografia e a pintura, sempre em contato tenso com a palavra. No blog contemplação metódica da mosca - espécie de laboratório ou de arquivo anárquico - esse trabalho emula um dia-a-dia, num curto período, mas com efeito se estende, intermitentemente, de 2010 ao presente. Publicou com Ana Chiara o livro enxerto para uma vida feliz (Rio de Janeiro, Casa 12, 2012). Algumas de suas ilustrações estão em capas de livros e, em 2018, participou da exposição coletiva Múltiplos (Museu Victor Meirelles, Florianópolis), com trabalho feito em parceria com Cristiane Lindner.




Artur volta à parceria com Ana Chiara no livro Poema da travessia, que a Editora TextoTerritório lançará na próxima quarta, dia 11/12.


Leia aqui uma entrevista da TextoTerritório com o artista e veja alguns de seus trabalhos, escolhidos pelos editores dentre diversos que estão no blog contemplação metódica da mosca.



TT: Como você pensa a relação entre imagem e palavra?

Artur de Vargas Giorgi: Diria que a relação é estética, no sentido mais fundamental do termo: palavra e imagem são modos – distintos, mas afins – da vida sensível. Com elas e entre elas, os afetos, as emoções, os pensamentos, enfim, os sentidos (intelectuais, corpóreos) transitam no espaço e no tempo, de maneira muitas vezes imprevista. Esse trânsito é, talvez, a força por elas compartilhada: cada palavra, cada imagem modula uma saída, uma abertura no mundo. Não à toa, sujeitos e comunidades se constituem, antes de tudo, com o que falam, escutam, veem, tocam, sentem, e com o que podem ou não fazer com o que falam, escutam, veem, tocam e sentem. Palavras e imagens são estruturantes da vida individual e coletiva.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

"O dicionário e o conto", por Heloísa Buarque de Hollanda

O dicionário e o conto

Heloísa Buarque de Hollanda

Este é o prefácio do livro A cidade é um rim, de Felipe Boaventura. Vale a pena conhecer.




O título é instigante. Que estes contos são sobre a cidade não há dúvida. 

O livro constitui uma bela trama de ruídos urbanos, relatos de pequenos acontecimentos aparentemente insignificantes que voltam, recorrentes, na memória, paisagens belas e não tão belas, os cheiros e as fraturas que o asfalto quente oferece à nossa experiência e imaginação. 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

"Da morte. Odes mínimas", de Hilda Hilst

Da morte. Odes mínimas é uma série de 50 poemas, publicada pela primeira vez em 1980.

O verso "Morte, imagina-te." é considerado imperdível pela poeta Ana Chiara. Confira aqui no Bate-bola.

Reproduzimos, aqui, os 7 primeiros poemas, a partir do site do Instituto Hilda Hilst. Vale a pena conhecer.

I
Te batizar de novo.
Te nomear num trançado de teias
E ao invés de Morte
Te chamar Insana
Fulva
Feixe de flautas
Calha
Candeia
Palma, por que não?
Te recriar nuns arcoíris
Da alma, nuns possíveis
Construir teu nome
E cantar teus nomes perecíveis
Palha
Corça
Nula
Praia
Por que não?

Bate-bola com Ana Chiara

Ana Chiara é professora de Literatura Brasileira da UERJ, autora de Pedro Nava: um homem no limiar (EdUERJ), Ensaios de Possessão (irrespiráveis) (Ed. Caetés) e, com Artur de Vargas Giorgi, enxerto para uma vida feliz (Casa 12). 


Poema da travessia, seu mais recente livro de poemas, com imagens de Artur de Vargas Giorgi.



Confira aqui as resposta da autora para as tradicionais perguntas do nosso Bate-bola.


quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

"Depressa a Vida Passa", de Fred Martins e Marcelo Diniz

Mais uma parceria de um autor da TextoTerritório com Fred Diniz, Depressa a vida passa é um soneto recém publicado no livro +1. Confira a canção no vídeo a seguir.

Depressa a vida passa, mal se sente 
E tudo já parece diferente
O que doeu um dia hoje dormente
O amanhã não se lembra do presente

E mal tudo é passado, o mais recente
Recomeça a tecer o recorrente
A cada ruga tudo é mais ausente
O tempo foge e sempre leva a gente

Fascina como a infância é inocente, eterno
No vigor do adolescente, no idoso ainda
Crepita o sol poente 

Fascina como tudo é transparente
Depressa a vida passa e de repente desfaz-se
N'água a face que a ressente.


terça-feira, 3 de dezembro de 2019

"Madame Maldade", de Fred Martins e Roberto Bozzetti



Confira neste vídeo "Madame Maldade", parceria de nosso autor Roberto Bozzetti com Fred Martins. 

Na gravação ao vivo, Alessandra Terribili é acompanhada de Pedro Vasconcellos (arranjo e direção musical), Joelson Conceição (violão), Ígor Diniz (contrabaixo), Daniel Rodrigues (trombone), Léo Barbosa (percussão) e Sandro Souza (bateria). 
Gravado no show de lançamento do meu EP Outras Manhãs - Clube do Choro de Brasília, maio/2019.




Em seu blog, Firma irreconhecível, Bozzetti comenta essa parceria.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Antiodes - lançamento virtual


Chegaram ontem da gráfica os exemplares de "Antiodes", livro de Alexandre Faria e Oswaldo Martins.

São poemas de um projeto que iniciamos há 10 anos e resolvemos publicar agora como uma resposta inevitável ao quadro político, social, moral do Brasil de hoje.

Toda a discussão sobre o avanço do conservadorismo que se intensifica a partir do golpe de 2016 já nos era pertinente desde muito antes. Davam seus sinais em episódios aparentemente isolados como a demissão de professores por motivos torpes e ideológicos, a censura de livros em escolas e em exames de seleção de universidades, o achincalhamento de alunas que usavam minissaia etc.



Reunimos neste livro mais de 40 Antiodes e acrescentamos um prefácio crítico, analítico e propositivo, indicando caminhos para desdobramentos do projeto, que devem se seguir nos próximos anos.

Estamos aí! Na luta pela liberdade de pensamento e de expressão, no combate ao cinismo, à cretinice e à hipocrisia desses tempos para os quais o preconceito, a intransigência, a ignorância e o medo forraram a cama.





A Editora fez uma tiragem limitada e exclusiva para assinantes do seu Clube de Leitores e os poucos exemplares restantes estão à venda. Por isso, não vai ter lançamento nem noite de autógrafos.

Quem estiver a fim, pode encomendar no site ou no WhatsApp da Editora.

WhatsApp: https://wa.me/5521972062650 .

domingo, 1 de dezembro de 2019

Sócrates, o Magrão do Futebol, por Carlos Augusto Corrêa

Sócrates, o Magrão do Futebol

Carlos Augusto Corrêa




A Copa de 82, que pro brasileiro apaixonado pela bola, causou grande tristeza mostrou por outro lado talentos já no auge da forma física e técnica: Falcão, Zico, Junior, Cerezo. Mostrou também, e com grande relevo, o Doutor Sócrates.

Convocatória

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