O exercício da lucidez nunca foi tão necessário. Vivemos num país destruído, dividido, sem que haja alguém que possa tomar como tarefa sua atar as pontas díspares da nação. O único personagem político que poderia ainda e com muito custo buscar um pacto que se propusesse como ação unificadora dos desejos da nação está posto fora de combate. Não creio que sua justa liberdade o coloque novamente no cenário das decisões políticas do país.
A vitória da direita raivosa, com um ministério, sabemos agora, de quinta linha, com um desejo de usufruto do poder próximo ao totalitarismo, também não será capaz de unir o país, senão apenas aprofundar mais ainda as forças disparatadas da política nacional. As ameaças estapafúrdias em relação ao comércio exterior, a política de má vizinhança com os países que nos são próximos geográfica e culturalmente, a subserviência anunciada, as diversas escaramuças internas ao poder, o denuncismo de que perigosamente o país se aproxima e a figura do presidente eleito, que se anuncia como a de um bufão, todo esse quadro cria uma expectativa de pessimismos difusos.
Por essas razões todas a lucidez, a informação filtrada, lida com dedos de pelica, a capacidade de interpretar o que os veículos da mídia veiculam é parte fundamental da percepção da realidade. O que pode soçobrar na vida cotidiana está em exatamente perder a lucidez, o julgamento dos fatos, a capacidade de discernimento. Em tempos de fake news, do drible maroto, a capacidade de cada um refletir sobre o fato será testada.
Checar as fontes, verificar no discurso o que pode ser a ponta que indique o valor exato de uma notícia é a tarefa a que as pessoas dotadas de lucidez devem se ater, para, a partir de então, poderem agir e atingir com precisão o alvo a ser desconstruído. Das várias ações possíveis a raiva talvez seja a mais precária possibilidade, mais interessante seria provocar o riso, através do humor, pois o humor inteligente é capaz de derruir verdades, deixar as pessoas desconcertadas ao obrigá-las a reconhecer-se como uma pessoa estulta.
Ter lucidez é também estar nas ruas, participar ativamente dos eventos públicos. Recomenda-se também muita, muita leitura.
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