sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Não sei se meu pai bebia, poema de Cândido Rolim

Não sei se meu pai bebia

Cândido Rolim


Edvard Munch

Não sei se meu pai bebia
pelos seus mortos conhecidos
como hoje eu faço

Só sei que por várias vezes o vi
mudar de tez e vagamente dizer:
que lhe seja leve a terra

Jogava-os em uma sombra
útil na medida certa para que
pudesse seguir vivendo e
a custo tendo os mesmos gozos

Dando a si o direito de 
ter ilusões como se a vida
não fosse a vida:

Encantando-se com o que
visto a fundo não encanta a
mais ninguém

Sendo esse outro árido
insurgente que se nega a
consolar-se por si mesmo

Cândido Rolim

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