domingo, 10 de maio de 2020

Regina Duarte: Cadê a Malu Mulher? , Carlos Augusto Corrêa

Regina Duarte: Cadê a Malu Mulher? 

Carlos Augusto Corrêa 




Difícil, muito difícil ver você, Regina Duarte, à frente da Secretaria Especial de Cultura de um governo de direita. A Regina, de Malu Mulher? Aquela que nos anos 80 lutou pela emancipação da mulher? Nossa, agora está a organizar a atividade cultural de um governo simpatizante do fascismo. 

Você pertence, melhor, pertenceu a um segmento profissional sempre ao lado das populações assalariadas e que sempre defendeu a nobre causa da justiça social. De repente bandeou pra outra área, e com uma convicção de horrorizar a quem gosta de outra coisa- de atitudes democráticas. Vi em uma entrevista sua que considera normal a tortura aqui praticada nos tristes anos autoritários.  E,  pra defender essa lamentável opinião, você alegou que morre gente todo dia, como se a estupidez praticada por torturadores fosse um ato necessário. Estou e muitos na verdade estamos perplexos com a sua transformação. A atriz de Malu Mulher, que abiscoitou seis grandes prêmios como melhor atriz e desempenhando um papel de denúncia social, agora está de beijos e abraços com gente que exalta esse torturador, o Carlos Ustra, um dos terrores dos anos de autoritarismo. 

Menina, seu comportamento não condiz com sua formação profissional. Suas atitudes vêm  nos entristecendo sobremaneira. Agora, por exemplo, morre um grande compositor, como Aldir Blanc, e você não se manifesta. Que o presidente, dele, não fale é compreensível. Aldir, como muitos de nós, sempre se rebelou contra o fascismo. Mas você... você, Regina, não ter se lembrado da contribuição cultural de Aldir! Outros artistas ou pessoas ligadas à arte estão indo embora por causa  dessa feroz "doencinha", e você dá a eles o mesmo silêncio  do presidente: Daniel Azulay, Daisy Lúdice, Abraham Palatnik, Ricardo Brennand. E você se omite. Como falou e mostrei mais acima, morre gente em todas as épocas.  Não é  assim? Será que os familiares de suas vítimas não estão a merecer uma palavra de conforto?

Você passou por cima da formação de atriz e de líder de uma geração. Ao invés disso, resolveu abraçar uma "democracia" que discrimina a cultura, esta que você tanto praticou e com ela se tornou célebre. Que troca infeliz! Você nada tem do mundo das baionetas, não nasceu pra representar a arte em quartéis. 

Só encontro uma palavra neste seu novo papel social e que pelo jeito não vai abandonar. Encontro uma palavra que jamais diria a uma outra grande atriz. Mas a digo a você,  e sem pestanejar: 
                              Decepção!

2 comentários:

Unknown disse...

Até agora estou perplexo com a atitude da Regina Duarte. Não me conformo.

Unknown disse...

Bela ilustração. Expressiva e muito de acordo como que disse na crônica.

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