sábado, 20 de novembro de 2021

Filmar um Professor pra Delatá-lo? - Carlos Augusto Corrêa

 


Professor ser filmado em sala de aula? Aceito o desafio. Eu, por exemplo, aceitaria filmar o professor Augusto Meyer, com sua elevadíssima bagagem cultural, explicando o Navio Negreiro, de Castro Alves. Ah com que satisfação! 

Se mestre Eduardo Portela mostrasse a relação da literatura do ponto de vista do existencialismo, quem não teria o prazer de filmar? E o professor Mattoso Câmara? Houvesse um celular na década de 60, e eu seria o primeiro a passar pra essa maquininha esperta a explicação dele sobre a distinção entre a gíria médica e a dos bandidos. 

Eu filmaria o professor Luis Filipe Ribeiro esclarecendo como poucos a presença da mulher na obra de Machado. Já imaginaram a filmagem de um mestre que lesse um poema de Drummond, acompanhado de música? Filmar a leveza da música de Vivaldi, explicada por um docente de música que tive num colégio estadual nos anos 60 - claro que o faria.

Filmar um professor... filmo, mas só por admiração. Filmaria pra mostrar quanto aprendo com ele, esse amigo que me passa cultura que nem meu pai e passa ainda amor à vida. 

Ora, infelizmente não pude filmá-los quando estudante. Contudo filmei muitos com a cabeça e o coração. Eu os tenho a todos, bem, mas muito bem gravados, nesses olhos que não nasceram há pouco.

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