Ah Poesia!
Carlos Augusto Corrêa
Ah Poesia! |
Esteja a sociedade com fartura de economia e vida política ou em situação dramática (como a nossa), estarão lá os poetas, esses seres frágeis por não terem a penetração de outros, mas vigorosos quando se trata de mostrar o seu trabalho.
São eles os que também se agigantam em momentos essenciais. E por que se agigantam? Porque aprenderam, desde o início, a pôr o mundo em questão. A eles interessam cada hora de amor, cada desencontro, cada ato revolucionário ou cotidiano, é que tudo isso lhe dá o material suficiente pra que construa um texto que toque o íntimo de todos.
Conheço poetas de todas as tendências: uns do verso longo, outros, do curto, aqueles que partiam as palavras e os que não usavam a palavra preferindo um texto visual. Em todos, uma preocupação: inventar em palavras um mundo imaginado, porém com laços fortes na realidade. Porque, sem esta, o verso se torna igual a um fio puído.
A poesia, no fundo, tem contra ela o lado material da sociedade, aquele que exige o luxo em todos os níveis. No texto poético, esse luxo de gotas de vinho nos cantos da boca, de noitadas no Copacabana Palace se transforma em lixo a ser desfeito por palavras densas e tensas.
O poeta - verdadeiro - vai desmontando em palavras as verdades envelhecidas. Se ele tem noventa, cem anos, sua palavra ainda anda e sempre andará com uns quarenta ou menos ainda, antes e depois de sua morte.
Poesia é Maiakovski, Dante, é Neruda e Drummond, é Baudelaire e João Cabral e os demais irmãos da mesma linhagem. Nenhum deles valoriza o destino do dólar ou as especulações da bolsa. Ao contrário, investem contra eles ou deles se afastam, porque o importante é levantar com palavras uma realidade outra acima da nossa, mas com o que, nesta, há de essencial.
Um comentário:
Belas fotos ilustrando a crônica. Cada vez me entusiasmo mais ao ver meus textos. Estou me lembrando dos textos que publique o por muito tempo em jornais e revistas.
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