Declaração de meu Pai
Carlos Augusto Corrêa
Noite de Natal, momento também de recordações. Lembrei que numa das tantas noitadas, em que ficava conversando com meu pai depois daquele espoucar de fogos, ele sorriu sereno, desses sorrisos que confirmam uma vitória consolidada na base de muita dignidade e soltou:
- Carlos, tenho uma certeza que só vai morrer quando eu partir. Dos três filhos que fiz, nenhum de vocês saiu um alcaguete e, pior, um fascista. Tivesse um filho ligado ao fascismo, eu não saberia onde pôr o rosto, se num vaso sanitário ou numa cloaca. O fascista, filho, é uma aberração da natureza humana, uma espécie de tsunami anual. Ele é um aborto sem qualquer razão.
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