Crônica de
Carlos Augusto Corrêa
Oswaldo Martins - um Poeta
Falar de poetas me é muito caro, primeiro porque o sou; segundo por outro motivo também importante: é que gosto de lembrar aos veteranos do valor de alguns poetas que ainda não estão sendo observados.
Um deles tem espaço garantido entre os escritores da geração de 90 em diante. É Oswaldo Martins. Professor, escritor e, pra quem não o conhece, adianto: trata-se de uma pessoa que gosta de lançar desconhecidos ou autores ainda não aclamados.
Peguei agora há pouco um livro seu, Manto, e vou folheando sem a preocupação exagerada de mostrar o quê e o porquê de cada passagem. E uma coisa noto em sua arte logo de saída. Ele revira a língua a seu modo, brinca com a metáfora mexendo radicalmente com o sentido básico da palavra. Só procede assim quem domina a língua
Um leitor desprevenido pode se perder no movimento convulsivo das imagens. Talvez se irrite e por quê? Por falta de preparo que a arte de Oswaldo exige. Já o leitor amaconhado de poesia vai ligar o texto do poeta às manifestações culturais e sociais de seu tempo. Vai sentir a presença da linguagem do cinema, do teatro, da cultura popular no discurso do poeta. Quem o lê assim vai dialogar com as manifestações criativas da época.
"A inutilidade perene/o salto para o além da língua// meus cabelos e os feixes elétricos/ para o amanhã." O importante pra se sentir um poeta do tipo é estar atento ao que não está na superfície do verso. Notem a beleza desta passagem. A inutilidade perene das coisas, o estar além da língua e os seus cabelos ligados à busca do amanhã.
A crítica oficial já pode olhar pra esse poeta que há um bom tempo faz uma arte grande. Pedro Lyra, Affonso Romano de Sant'anna e demais que vêm militando na crítica desde os anos 60 do século passado, que voltem os olhos pra Oswaldo Martins, poeta já crescido, e muito, que está a merecer dos maiores um espaço nas grandes antologias deste país.
2 comentários:
Belo comentário sobre o caro Oswaldo, muito bom poder compartilhar leituras com
Ele
Concordo in totum.
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