Hora de lembrar Darcy Ribeiro Crônica de Carlos Augusto Corrêa

Darcy Ribeiro

Crônica de 

Carlos Augusto Corrêa

Hora de se Lembrar de Darcy Ribeiro 

Coisa boa é  a gente se lembrar de quem o povo gosta. Se vivo, Darcy Ribeiro estaria completando 98 anos. Digo que, por sua vida rica de grandes fazeres históricos, ele há muito se eternizou e merece volta e meia comentários assim. 

Numa época em que o governo de Bolsonaro vem menosprezando tanto a educação e a cultura, e hoje faz uma manifestação contra o Congresso Nacional, é mais do que interessante falar de Darcy. 

Antropólogo, escritor, político, foi também um homem preocupado com a educação. Quem vai se esquecer do CIEP, o Centro Integrado de Educação Pública? Quando eu andava nos 30, 32 anos, atento a tudo quanto era verdadeiro progresso, pude constatar o sem-número de benefícios que trouxe essa nova escola ao povo mais carente. Havia dentista, médico, almoço, janta. Tinha muito ensino. O estudante de comunidade se sentia mais à vontade pra estudar. Estando com a barriga cheia, pegava com mais vontade no lápis e caderno. Sinceramente, Darcy Ribeiro não precisava ter criado mais nada. 

Foi "convidado" a se retirar do país. Não se curvou. Tinha talento, hombridade e cultura pra continuar onde estivesse. O exterior lhe estendeu os braços. Participou de reformas universitárias no Chile, na Venezuela, no México e no Uruguai.

Claro que sua obra cultural permanece. Trago a você tudo quanto Darcy escreveu a respeito de qualquer assunto. Agora eu jamais escreveria uma linha, caso me pedissem que tecesse comentários sobre a tal Escola sem Partido, que já caiu no esquecimento, tais os seus equívocos,  mesmo porque não acredito numa escola sem a presença de partidos. 

Bom, muito bom mesmo trazer aqui Darcy Ribeiro, como traria prazerosamente Paulo Freire e Brizola. Mas ao mesmo tempo que me concentro nele(s), estarei atento ao que Bolsonaro, sua equipe e seu público irão decidir. Confesso que em breve tenho receio de que o país entre em uma outra ditadura. Contam que não será nos moldes da de 64. Mas, gente, será uma ditadura, que nada tem a haver (ainda bem!) com a visão humanista de Mestre Darcy.