A Arte Viva e Maior de Aldir Blanc
Carlos Augusto Corrêa
"Brasil, que sonha com a volta do irmão do Henfil / com tanta gente que partiu/num rabo de foguete." Quem não se lembra desses versos de "O bêbado e a equilibrista"? Era 1979, e essa letra de Aldir Blanc se opôs de forma bem criativa aos anos autoritários de então. De tristíssima lembrança.
Muito feliz foi Aldir Blanc, e não só ele, a música de João Bosco também. Linda. Cantarolei muito tempo essa canção, inclusive em passeata. Éramos moços. Queríamos um Brasil que chamasse de volta todos os exilados que haviam partido num rabíssimo de foguete. Aspirávamos a um Brasil solidário.
Essa letra mostra bem o seu tom de protesto. Mais: mostra a criatividade do poeta. Como deu vida ao tema!
Quem a ouve ou lê e tem a infelicidade de ouvir nossas letras de agora percebe uma coisa: como o país perdeu em inventividade. Aldir e outros de seu naipe se ligam ao alimento; os compositores de hoje, ao esterco.
"O bêbado e a equilibrista" cantada por Elis se torna mais engrandecida ainda. Parece que ela está cantando sempre pra multidões que se aglomeram no país todo pra ouvir a doce cantora.
Hermeto Pascoal disse uma vez que, do riso ao avião, em tudo há som. Pois nessa letra e, no fundo, em toda a arte maior de Aldir Blanc, há palavra inventada ao cubo. Em sua obra musical existe vida, história e humanidade.
Um comentário:
Estão faltando hoje comentaristas do naipe de Aldir Blanc, o que é uma pena.
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