domingo, 8 de novembro de 2020

Cura gay - Que horror Carlos Augusto Corrêa


 Magritte - O beijo

Chão de Praça 
                      Carlos Augusto Corrêa 
              
                      Cura Gay!? Que Horror! 

Estamos fartos,- sim, me incluo, e muito, nessa lista - de tanto preconceito. Quer dizer, então, que um Juiz do Distrito Federal autorizou a chamada"cura gay"? É!? Era só o que faltava. Mais uma vez ouvimos essa estória de que o gay é anormal ou fora da ordem ou fora de que outra classificação malpreconcebida.
Estão vendo logo que quem pensa assim não tem amigo gay, filho gay, primo gay, neto gay. Bisneto também? Quem assim pensa acha que sexualmente o mundo... é dos heterossexuais. Mas como? Uma criança terá de ser inevitavelmente hetero "tutta la vita"? E quem será o executor dessa lamentável autorização judicial serão os psicólogos, os que cuidam da psique, uma área tão rica e diversificada. 
Um dos motivos que alegam e confirmam essa "ideia" do Juiz é que homem e mulher, antes de mais nada, foram feitos pra procriar. Então, se um homem não quiser mais exercer a procriação, suponhamos que numa parte da vida ele tenha resolvido mudar e preferir o mesmo sexo, aí receberá a pecha de maldito, de um deformado, desajustado (e outros ados) e por isso estará condenado a receber a  tal "cura gay". E só depois de purgar por esse grave pecado, voltará a ser um heterossexual, um homo sapiens em estado saudável. Um homem salvo que se excita apenas vendo uma Angelina Jolie, jamais um Brad Pitt. 
Pois, Meritíssimo Juiz, sei que Vossa Excelência deve estar sabendo, mas insisto: a ONU, órgão bem maior do que nós, condena a liberação da "cura gay". E que desde 1999, o Conselho Federal de Psicologia concluiu que psicólogos não têm de se aplicar à cura gay. E tão interessante quanto, Sr Juiz, a Associação Americana de Psiquiatria retirou a homossexualidade da lista de doenças. 
A preferência pelo mesmo sexo não é caso de anormalidade. A sexualidade humana não pode ter tão só dois lados. Querer essa restrição seria exigir, por exemplo, que o homem só poderia se relacionar caso procriasse, ou apenas numa só posição ou só no casamento e ou ou ou... Seria restringir o amor apenas ao envolvimento de mulher e homem. Pois, quer saber?, eu estou a fim de revirar, ponho no paraíso um outro homem entre Adão e Eva, ponho outra Eva entre Eva e Adão e admito até um salame amarelo, se resolverem praticá-lo. Ora, o que é que tem? O que vale é o amor entre seres, de que forma for. Estou farto, estamos fartos de tanto preconceito em nome da ignorância. É preciso que essa gente tome uma dose considerável de Hipocrisol. Ufa!

Um comentário:

Unknown disse...

Esse texto pode bem ser lido na área universitária e suscitar muita discussão.

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