domingo, 1 de dezembro de 2019

Sócrates, o Magrão do Futebol, por Carlos Augusto Corrêa

Sócrates, o Magrão do Futebol

Carlos Augusto Corrêa




A Copa de 82, que pro brasileiro apaixonado pela bola, causou grande tristeza mostrou por outro lado talentos já no auge da forma física e técnica: Falcão, Zico, Junior, Cerezo. Mostrou também, e com grande relevo, o Doutor Sócrates.

Foi incontestável a sua participação feliz no futebol. Eu, já cascudo como espectador do jogo da bola, admirava o Doutor por sua habilidade. Seus passes de calcanhar eram o calcanhar de Aquiles dos adversários. Quem não se lembra de seus outros passes servindo os companheiros de seleção e dos clubes? E não fica por aí, pois os gols de cabeça, os de fora da área fizeram do Magrão um jogador de recursos variados.

Sua presença no ataque da seleção, do Corinthians e dos outros clubes que honrou traziam segurança ao torcedor e diziam que a qualquer instante alguém ficaria frente a frente ao gol ou ele mesmo poderia de repente resolver o problema.

Alguns outros traços de sua atividade me levaram a ver Sócrates como pessoa de vários instrumentos. Mas que traços são esses? Não foi o seu nome de filósofo, nem o tamanho do próprio nome que parecia um daqueles da nobreza imperial. É, comprido que só... Nem foi a sua altura: 1.93. Um traço marcante foi, aí sim, ter sido o líder da democracia corinthiana, movimento que procurou livrar o clube do velho e intragável ranço da ditadura. Não foi em vão que ele se tornou no futebol um daqueles que se bateram na luta contra o governo militar.

Outro traço tendo muito a ver com este e que deve ser levantado: é que foi ídolo da torcida de seu clube "del cuore" , tanto quanto Roberto Rivellino, Baltazar e outros.

Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira (é comprido mesmo, como falei), pois bem, tenho muito que falar dele. Motivo: sua visão de mundo não se limitou à área do futebol. Foi grande com a bola e sem ela. Esteve presente nos comentários de futebol, como também no cinema e no teatro, não importa se com a mesma ênfase com que se destacou como jogador e líder.

Embora tenha participado de duas Copas, o Sócrates de que me lembro, e muito, foi o da Copa de 82. Ele fica ligado a mim por esta competição e, como já assinalei mais acima, por sua atuação na vida política e cultural do país. Foi tanto o seu envolvimento pelo mundo da bola, que, coincidência, Sócrates veio a falecer em 4 de dezembro de 2011 quando o timão se sagraria pentacampeão brasileiro. Triste notícia e, pra quem acredita, uma grande prova de amor.

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