domingo, 1 de novembro de 2020

Os Dois Modos Mais Plenos de Amar, Carlos Augusto Corrêa

Os Dois Modos Mais Plenos de Amar

Carlos Augusto Corrêa 


Amor, escultura de Alexander Milov.


Amour, amore, love, Liebe, mahal, entre outras palavras pra significar sentimento tão variado. Em português, são quatro letras; em filipino, cinco. Quatro, cinco, sete, sejam lá quantas sílabas... que importa? Senti-lo é o desejado.

Lembro aqui alguns casos de amor, como o de benevolência paterna. O Deus que ama a humanidade, o pai benevolente. Esse sentido pode também ser aplicado àquele tal patrão bondoso que raramente demite, mas prende alguns funcionários a um salário ínfimo.

Existe o amor que é caridade, visto, por exemplo, nas ruas. Ali, de noite, aparece sempre mão caridosa ofertando aumento e agasalho. Esse amor caridade se encontra também nessa gente que numa conversa ama revelar compaixão pelo pobre. Aqui onde moro conheço um assim. Vive apregoando "amour" pelos necessitados. Curioso que um dia o vi fuzilando de raiva, não porque alguém humilhara um coitado (palavra por ele usada com frequência). Não. É que perguntaram se ele havia sido pobre na infância. A resposta do caridoso veio a galope: "E por acaso, moço, eu tenho cara de pobre?"

Amor pode ser devoção a pessoa ou a filosofia. Hoje pela manhã, um vizinho, praticante assíduo do amor devoção, fez um verdadeiro discurso homenageando o presidente do país. Um amigo que passava na hora me viu na janela e confidenciou: "E um tipinho fascista desses pode amar filosofia? Como? Ele vive mastigando rancor. 

Amor de tantos sentidos. E o delicioso amor carnal? Hein? Margarida, cheirosinha ali do Lido, é que sabe como no exato momento ela parece estar mordendo os ares. Margarida não sabia que em horas do tipo a natureza pulsa forte dentro da gente e aproxima o homem dela. Ela simplesmente estrebuchava. 

Tem o amor cortês que não mais encontro nem em casalzinho de igreja. Tem o amor platônico, garantido, pois seguro, afinal o amante assim não contrai qualquer enfermidade venérea. 

De todas as formas de amor, duas delas me agradam mais. A primeira: só existe um amor intenso quando um sente ser necessário pro outro. Esta, uma verdade sem contestação e serve pra garantir a qualidade das outras formas de amor (o cortês, o platônico etc.). Passei a acreditar nele depois que vivi dessa forma esse sentimento. Fui desprendido e tive correspondência plena.

A segunda forma de amor que me seduz é quando nutro pelo próximo esse intenso bem-querer. O amor ao outro é milenar a cristãos, agnósticos e ateus e deve ser incentivado.

Com essas duas formas de amor, só terei na vida um grande empecilho, que é um dia deixar de existir. Então fico mais e mais convencido de que, neste sentido, a vida pode ter o seu lado de paraíso.

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