domingo, 9 de fevereiro de 2020
Crônica de Carlos Augusto Corrêa Militarizar a Nossa Cultura!!!?
Militarizar a Nossa Cultura!!!?
Anteontem, recebemos a triste notícia de que o governo de Rondônia mandou recolher obras da maior importância literária. Não passa pela cabeça que livros de Machado de Assis e Euclides da Cunha tenham passado pelo corte da censura militar do governo de Rondônia. A justificativa pra degola não convence: os conteúdos (imaginem!) são inadequados a crianças e adolescentes. Lamentável... Ora, senhores censores, existem edições adaptadas ao público infanto-juvenil. Mais: essas adaptações servem muito pro adolescente. Por que um Euclides da Cunha deve ser censurado? Por sua linguagem complexa? É!? Mas ela é, há muito, facilitada por tais adaptações. Euclides da Cunha não exalta o sertão nacional? Ele cria e recria, senhores, a região sem ter partido pra enaltecer de maneira bocó nosso país ali.
Infelizmente, o atual índice dos Livros Proibidos não se limita só a Machado e a Euclides. Outros escritores e filósofos maiores entraram na forca. Foram 43 livros publicados. Quarenta e Três. Dezoito de Rubem Fonseca e sete de Carlos Heitor Cony. E Macunaima, esse amável herói nacional, foi também alvejado pela AR15 policial.
Pergunta: e quem vai substituir nossos maiores? Será algum grupo de pensadores civicos? Quais os célebres cívicos que ocuparão a vaga de Euclides e Machado? A que academias literárias pertencem? À rondoniense (ou rondoniana)? A que agremiação? Ou irão escolher alguns escrevinhadores extraídos dos quartéis e que até aqui foram menosprezados pelo meio literário?
A decisão de Rondônia se casa com o desejo do capitão Bolsonaro. Qual? O de militarizar a cultura e a educação. No campo literário o atual presidente sonha em criar no país uma literatura de bons costumes, de exaltação bem inflamada da pátria. A mesma almejada nazistamente pelo Secretário de Cultura há pouco demitido. É claro que a Academia Brasileira de Letras se manteve contra a lamentável censura.
O desejo de Jair Bolsonaro não se enquadra em nossa vida democrática. É próprio de uma sociedade fascista. Atitude autoritária e repressora. Esperemos que todos os segmentos sociais não permitam que a decisão do governo de Rondônia se espalhe pelo país. Não podemos nem devemos abraçar aquilo que enxerga o ser humano só pela metade.
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Um comentário:
É a vez deles.E se nada fizermos, vai piorar.
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