A Madrugada e Fala de Amor
Carlos Augusto Corrêa
Na noite passada pensava nos hospitais acolhendo pacientes do Covid e na invasão dos mesmos, a mando do governo, por políticos, pra verificar se havia mesmo muitos pacientes infectados pelo corona.
Minha cabeça, já bem quente de inquietação. Disse que a meia-noite de ontem merecia algo mais harmônico, mais de acordo com a lua de quinta-feira a caminho desta sexta. Estou na internet e súbito me apareceu em cheio um vídeo com a apresentação de "Falando de amor", de nosso Tom Jobim. Tom, gente, e como se não bastasse, interpretado pelo Quarteto em Cy e pelo MPB4, excelentes como sempre.
De imediato passei a pensar no que fazer pra que a madrugada pudesse ser mais aprazível. Lembrei, então, o carinho de Dora numa das últimas vezes em que vivemos o início de um lual ali no Lido. Foi num sábado e aquele sábado de meses atrás se encheu de uma expectativa que volta e meia, como agora, ainda vem à tona.
"Falando de amor" me traz à memória situações assim. Música e letra se entrosam. Deu a impressão de que Tom Jobim estava vivendo a mesma emoção que passei a sentir ouvindo a canção. "Se eu pudesse por um dia/Esse amor, essa alegria/Eu te juro, te daria". E foi por aí ouvindo que senti de novo a beleza de um abraço dado em quem se ama. Esqueci um pouco aqueles desacertos de um governo mal visto. Nenhuma sombra tensa. Apenas o escuro daquele início promissor de madrugada. Esta que em momentos assim mais parece um cobertor imaginário.
Podem me chamar do que quiserem, por ter trocado as preocupações políticas por um instante de sentimento amoroso. O amor concreto é mágico, ele transforma a vida que fica parecendo ser de mais abraços do que de espada e excesso de furor.
Um comentário:
Novamente, ouvindo Tom interpretado por dois conjuntos universais, me sinto também um deles. Que beleza de ilustração!
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