Dom Pedro Casaldáliga: o Bispo do Povo
Carlos Augusto Corrêa
Fui tomando consciência dos problemas de meu país e me desliguei de vez da crença religiosa. Na verdade, bem antes, a partir dos onze, doze anos já não me envolvia com religião. Apesar disso, aprendi a respeitar o padre ou qualquer religioso de outro credo que se envolvesse com os problemas do povo. Por isso, e também por influência de um primo marxista, comecei a admirar um bispo catalão que chegou ao Brasil em 1968. Dom Pedro Casaldáliga.
Religioso que em toda a sua vida no interior do Brasil tem se identificado com os indígenas e os camponeses. Ele não prega só pra classe média ou desta pra cima. Não é aquele pregador manso dos centros urbanos, distante dos problemas sociais maiores, e que encara burocraticamente o seu credo. Não. Ficou conhecido por defender os direitos humanos. Um bispo de alta extração cultural que vestiu as sandálias pra servir ao irmão mais carente. Tem lutado pela Amazônia. Ficou conhecido como o bispo do povo. Um bispo de visão atualíssima. Adepto da Teologia da Libertação. Ele apoiou a Revolução Cubana. E tão importante quanto, fugiu da ditadura de Franco. Acha que cada igreja tem a sua importância, em vez de estar subordinada ao Vaticano. Outra posição interessantíssima: ele aceitou a ordenação de mulheres e foi contra o celibato sacerdotal. Dom Pedro Cadaldáliga é um religioso com a mesma importância que Dom Hélder Câmara, Dom Paulo Evaristo Arns e o Padre Júlio Lancelotti.
Um lema seu, conhecido dos fiéis: "nada possuir, nada carregar, nada pedir, nada calar e, sobretudo, nada matar". É claro que com esses valores o bispo do povo foi alvo de muitas ameaças de morte. E quem está por trás de tais ameaças? Os grandes prorietários rurais e os amigos da "democracia" aparente.
Ele vem lutando a vida inteira pelos mais humildes mas, ao mesmo tempo, tem vida intelectual ativa. É poeta e publicou também obras de antropologia, sociologia e ecologia.
É um cristão que deveria ser imitado. Seu exemplo deve ser bem seguido pra mostrar como alguns padres e pastores, por exemplo, devem proceder pra serem universais em sua fé e se livrarem da acomodação.
Um comentário:
Não tenho religião mas aprecio o religioso que assume a luta dos mais humildes.Ele é um exemplo aos que estão se ordenando.
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