domingo, 24 de outubro de 2021

O Chorinho, Carlos Augusto Corrêa

Chorinho. Portaria. 1942

Mas que bom! Mal entro no Face e escuto um chorinho de Nazareth. Bato palmas pra ele e pra todo chorão que me acordar numa manhã de sexta e mostrar que meu país tem uma raiz tão bonita. 

Ontem, antes de dormir,  ouvia Billie Holiday cantando The man I love. E nesta sexta que promete um pouco mais de sol, ouvir Nazareth dá um entusiasmo, tanto quanto ouvir Pixinguinha. Quem me deu há pouco esse prazer foi o Choro das Três, que voltou a mil e está reprisando a live de quinta-feira.

Vou logo ver se ouço Jacob do Bandolim e Pixinguinha. Amo ouvir o que vem de nossa história musical. O choro nasceu aqui em minha cidade. Não sei se é por isso, mas, ao ouvir, parece que volto a meus doze, treze anos lá em Vila Isabel quando meu pai me punha no sofá pra assistir na tv ao show do Altamiro Carrilho. Ali fui aprendendo a abraçar esse ritmo.

Sempre que toca um chorinho, de imediato penso no Rio de minha infância e numa cidade mais familiar. Aquele ritmo corrido do choro me dá a imagem de ver nossa gente andando rápido nas ruas do centro. De ver meu pai, com a papelada debaixo do braço, indo pro escritório na cidade.

O chorinho, o samba, a bossa-nova me mostram o Brasil legítimo, o mesmo de Paulo Freire e Niemeyer. É tão gostoso saber que no ar soam os pandeiros. Que no ar soa o que é nosso, verdadeiramente nosso, porque veio dos bares e dos becos, do subúrbio e dos morros ou da caneta de nossa arte maior.

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