terça-feira, 12 de novembro de 2019

A coisa pública, crônica de Carlos Augusto Corrêa

A Coisa Pública 

Carlos Augusto Corrêa 

(Publicado no Facebook em 22/10/2019)

Semana passada, no Blog da Texto Território, que, diga-se, tenho lido diariamente, vi notícia interessante. É que Alexandre Faria e Oswaldo Martins sugeriram que cronistas, contistas, romancistas e ensaístas enviassem pro Blog textos sob o título "A coisa pública". Vão fazer uma seleção e irão publicá-Los em torno de 15 de novembro. 

Muito bem-vindo, o tema. Oportuníssimo. No momento em que a coisa pública vem sendo tão sucateada, nada melhor do que comentar sobre o assunto e passar a mensagem pra aquele leitor ávido ou, mesmo não sendo viciado em leitura, pra todos quantos esperam de nós um comentário de protesto

A coisa pública são instituições que deviam servir aos anseios (palavra batida!) de uma comunidade. São algumas rádios, por exemplo, como a rádio MEC ,que não mereceu a simpatia do presidente em exercício. Foi fechada. Fui um ouvinte dela desde a adolescência. Gostava de ouvir os clássicos e o fino da música popular. De repente, e muito mais do que de repente, recebo a notícia do seu cancelamento. Será que dava tanto prejuízo aos cofres da nação? Será porque muitos funcionários eram socialistas? Será que seu público é formado de gente mais cultivada? Será que o presidente, ao menos uma vez, parou pra ouvi-la? Será que será que andam sussurrando pelas alcovas? Não sei, é tanto será, que é melhor me conter e abrir outro parágrafo.

Escola do governo é também res publica, non privata, instituição que devia ter uma educação à altura. Por que não chamaram alguém com a formação de um Paulo Freire pra legislar sobre ela, pra orientar profissionais de ensino? O que vemos é que a escola pública aqui, ali recebe denúncias de gente que desvia verba e faz outras transações ilícitas. A coisa pública passa a ser impública. Os casos são variados.

E as bibliotecas? Hein? Aquelas das escolas do governo ou as que não pertencem ao espaço escolar? Frequentei bibliotecas públicas desde os tempos de garotote. A antiga Castro Alves, a Nacional e outras me serviram tanto. As estantes de literatura em geral, de filosofia, política, sociologia têm as minhas digitais. A Interpol pode averiguar. E por que me refiro a elas? Pelo estado precário em que se encontram. E por que desse estado? Por que o Estado não vê esse estado? Por que ele funciona como um Desestado a esse respeito? Para onde vai a verba da Educação e da Cultura que nunca atende às necessidades dela? Ó Júpiter, você um Deus também brincalhão, bem podia intervir e paralisar os dedos de um ladrão que tira dinheiro público e sucateia a coisa pública. 

Gente, I am farto de comentar o fato. Vou encerrando por aqui e lembrando que Antônio Vieira, lá no XVII, já denunciava a venalidade no serviço público. Que país era aquele e é este que até aqui não se corrigiu? Ah, Sermão do bom Ladrão. Ah Sermão, que devia ser distribuído e explicado nas escolas.

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