segunda-feira, 12 de outubro de 2020

A Metáfora, Só Quando Necessária, Carlos Augusto Corrêa

 A Metáfora, Só Quando Necessária 

Carlos Augusto Corrêa 



Não posso crer naquele cidadão que exige de mim no texto uma metáfora bem bonita pra impressionar. Décadas atrás um médico me aconselhou, quase como se fosse receita, começar uma crônica com uma silepse de gênero, que daria uma beleza ímpar à conversa. Relevei a ingenuidade dele, fingi uma crise de tosse e passei a conversar sobre corrida de cavalo.

Ora, uso metáfora, silepse ou outra figura dessas bonita, feia, simpática, antipática, não pra mostrar que eu seja um belo praticante do idioma. Faço uso do recurso que for necessário pra exprimir essencialmente uma situação. Pra mostrar que, ali, a metáfora, e só ela, tem de aparecer. Ela sai de mim com a situação que escrevo e também por causa de minha formação de escritor. Não faço literatura pra me exibir em salões como exemplos de quem se traja muito bem pra um lançamento ou quem faz amizade com grandes nomes pra aparecer feito um bibelô em antologias. Aqui, o furinho (buraco é palavra por demais envelhecida) é bem mais embaixo.

Um comentário:

Unknown disse...

Como sempre, o texto foi muito bem postado. Normalmente escrevo sobre fatos reais. Este se deu há muitos anos.

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