Oficina de Escrita
Uma curadoria de textos para
pensar o trabalho do escritor
Não pode ser próprio do poeta entregar a humanidade à morte. E com consternação que ele, que não se fecha a ninguém, percebe o poder crescente da morte em tantas pessoas. Mesmo que a todos pareça façanha inútil, o poeta vai pôr-se a sacudir esse poder e jamais, em hipótese alguma, capitulará, Seu orgulho consistirá em resistir aos mensageiros do nada, que se tornam cada vez mais numerosos na literatura, e em combatê-los com instrumentos diferentes daqueles que utilizam. Viverá segundo uma lei que é a sua própria, mas não talhada para ele.
[…]
No exercício constante da metamorfose, na necessidade premente de vivenciar seres humanos de toda espécie […], na prática desse exercício, irrequieta, não atrofiada ou tolhida por sistema algum, está o verdadeiro ofício do poeta.
[…]
Ninguém será hoje um poeta se não duvidar seriamente de seu direito de sê-lo.
Elias Canetti
CANETTI, Elias.
A consciência das palavras.
Tradução de Márcio Suzuki e Herbert Caro (“O outro processo”).
São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
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