Chão de Praça
Carlos Augusto Corrêa
Eu penso em muitas direções
![]() |
Goya: 3 de maio de 1808 em Madrid |
Há muito venho sabendo de algo contrário a minhas raízes democráticas: estão querendo obrigar meu povo a pensar segundo as diretrizes do governo. Um governo, diga-se, que me proíbe de pensar com abertura, que censura, por exemplo, um filme de Glauber ou um Morte e Vida Severina, de João Cabral, por achar que se trata de peças "subversivas". Um governo que deseja afrontar o Parlamento!
Meu pensamento ou o pensamento de cada um não podem se submeter ao pensamento único de uma equipe governamental, sobretudo de direita. Não tenho que esconder o que penso porque os de cima podem me punir.
Quero numa roda de amigos na Cinelândia debater em voz plena sobre tudo que sinto ser verdadeiro. Com que alegria anteontem conversei a respeito da vacina que Cuba desenvolveu para o câncer de pulmão.
Tive um pai que me mostrou ser importante ouvir o que o outro considera e me ensinou a criticar e a receber uma crítica. Enfim, a pôr tudo em questão.
Pobre, muito pobre o governo que impõe um pensamento querendo submeter a população a sua "Ideia". Viver preso a uma situação dessas seria como dormir pra sempre em uma solitária. Pobre do país que se sujeita ao pensamento próprio de uma ditadura.
Pensar em linha reta, e não em muitas direções, é próprio do fascismo ou de todo grupo autoritário. É lastimável um sistema político que prega a discriminação, a imposição do medo, a agressão à mulher, a negros, à população LGBT. Lastimável quem defende a militarização do poder.
Não admito (e povo algum) que me punam por não aceitar tais incoerências. Gosto, de tempos em tempos, de fazer novas sínteses de vida. Afinal, pretendo ser - e no fundo já sou - um Cidadão, não capacho de uma ordem e um pensamento estreitos. Rasteiros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário