Estava eu perto de um supermercado daqui e assisti a um "monólogo" (só falando desse jeito). Isto foi feito por um dito patriota a um cidadão.
Este soltou o elogio compreensível.
- Você é um patriota mesmo.
- E sua mãe é uma bunda.
O patriota reforçou a ofensa.
- Eu sou de direita.
- Fascista?
- Não, de direita. E olhe, melhor parar a conversa, senão vai acabar em pancadaria.
O outro, desarmado e perplexo, tentou argumentar. Percebeu que não adiantaria. Ia saindo e ainda ouviu:
- Eu como você, seu esquerdistazinho. Conheço você de vista, sempre elogiando o Lula, eu queria jogar isso na sua cara agora.
O democrata foi saindo, espantado com o que ouvia, querendo evitar um possível escândalo.
Já vi uma ou outra cena do tipo, mas são raras. São de uma bestialidade. O agressor, ao invés de travar conhecimento do outro, de procurar se interessar pelo mundo de um desconhecido - não, ele ataca. Parece que sua consciência escarra. É um ser que põe por terra toda a grandeza de um homem devido a sua ideologia de palha.
Um cidadão desses se ajumenta com facilidade. Estufa o peito e se declara quadradamente brasileiro, nutrindo um amor doentio a uma pátria nada real. Um indivíduo assim precisa com urgência da assistência prolongada de um veterinário.
Carlos Augusto Corrêa é poeta e cronista da geração de 70, publicou na imprensa literária do país, como no Suplemento Literário da Tribuna da Imprensa, no do Livro do Jornal do Brasil, na Revista Encontros com a Civilização Brasileira e na Revista Poesia Sempre.
Lançou pela Editora TextoTerritório o livro O andarilho carioca.
Um comentário:
Amei a referência feita a meu trabalho literário.
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