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| Márcio Cabral de Moura |
Achei graça de um tipinho já quarentão que outro dia quis a todo custo me convencer da popularidade de Bolsonaro. Vejam só: um tipinho mesmo, um bobalheco que parece se vestir de amarelo e verde até o fundo das calças e nem disfarça aquele ar de palhação fascista que agride e zomba, como se quisesse impor à força o que sai de sua cabeça quase com o jato de um excremento.
Falava, fazia questão ali, aqui de me impressionar, chegou até a levantar a voz. Imaginem: a gesticular rudemente. A tentar me amedrontar e, inclusive, munido de um formidável mau hálito, desses de paralisar urubu em voo.
Bem, eu ali calado até ele ficar mais assanhado. Aí intervim. Elevei só um pouco a voz e, me lembrando de como conquistei meu jeito independente a vida toda, mostrei a esse verde-amareloide a forca de minhas opiniões. Tentou contra-argumentar. Rebati. Tentou outras vezes - em vão. Quando viu que toda aquela empáfia que armou havia caído por terra, esse enfadonho bobalhão súbito saiu fascistamente com o andar pesado, como se marchasse com a SS, exibindo o popular beicinho. Pensou fosse ficar magoado com a sua saída assim. Magoado!?
Ele não me conhecia melhor. Não deixou de se comunicar comigo. Mas hoje pouco fala. Ficou menos animalizado. Sentiu não só o poder de minha comunicação. Experimentou (que bom!) a minha condição de jararaca, quando necessário.
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