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Imagem: TextoTerritório |
No quarto, cena congelada. Na mão, copo vazio. No chão, garrafa quebrada. No semblante, descanso sereno. Olhos fechados, cabelos alinhados, veste simples, silêncio. A prova dos nove.
Noite anterior, oportunidade de zerar tudo antes da transferência. Rejeitou o padre, preferiu o cozinheiro. Tinha com ele boa relação, apesar das refeições com efeitos nauseantes. Era bom ouvinte, habilidade que compensava a mudez.
Após o suspiro profundo, com esforço tentou organizar as palavras. Sabia pouco sobre os discursos, viveu em função dos algarismos, respirava a promessa de subverter a sequência, roubar a vez, esconder as operações. Apagar os números era o plano maior. Para subtrair o destino, multiplicou a sorte, aplicou macetes. Foi capturado.Tarde demais, lá estava diante das iniciais do nome e do temido número carimbado no uniforme.
Dispensou o momento para a última confissão ou o grito de perdão. Não lhe cabia nenhuma das opções, apenas ao amigo cozinheiro o pedido especial da última bebida.
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