sábado, 23 de março de 2019

Entrevista com Rogério Batalha

Rogério Batalha lança "Hérnia" livro de poemas em prosa que trazem uma profunda e instigante reflexão sobre a dor. Também está saindo o disco de samba "Hoje o dia raiou mais cedo", trabalho do trio formado pelo cantor e compositor Agenor de Oliveira e os poetas e letristas Mauro Santa Cecília e Rogério Batalha com participações de Ney Matogrosso, Frejat e Nelson Sargento.

Confira a entrevista exclusiva do poeta para o Blog da TextoTerritório.


- Quando e como você se descobriu poeta? fale um pouco sobre sua formação.
Eu entro em contato com a poesia mais ou menos aos 15 anos, através da MPB; só depois de uns dois anos descubro a poesia escrita.

- E o trabalho como letrista, veio antes ou depois da poesia em livro?
Vieram juntos, mas as letras foram musicadas antes dos poemas serem publicados.

 - Conte um pouco sobre a experiência dos saraus na Lona Cultural com o Waly Salomão.
 Pois é, o Waly já tinha escrito umas coisas sobre mim, aí levei ele para conhecer a Lona, ele teve a ideia de uns recitais meio beatnik (com baterista e tudo), aí eu era seu convidado, rodamos algumas lonas, ele às vezes dizia, quando me chamava ao palco: "Vou convidar um cara aqui chamado Rogério Batalha, mas não pensem que ele é como a gente, ele é louco!!!"

- Como o Waly ficou sabendo de você? O que o levou a escrever sobre sua poesia? 
Em 1997, ele ganhou o prêmio Jabuti. Eu queria conhecê-lo e fui na entrega do prêmio. Levei um livrinho meu, xerocado, com telefone, contatos... No dia seguinte, ele me ligou de madrugada recitando os poemas, disse que adorou e tudo mais e aí a gente começou a se encontrar. Depois ele escreveu sobre mim, eu o levei na Lona Cultural e por aí foi. Foi ele que deu o título para o livro, "Malícia".

- Ao organizar o livro "Inventário", o que passou a pensar dos seus livros anteriores, "Malícia", "Melaço" e "Anfíbio"?
A principio, a tentativa do inventário era peneirar os poemas ruins, que passaram, por falta de experiência minha, os livros anteriores já estavam esgotados também, aí tive  a ideia de uma seleção mais rigorosa.

 - Entre Malícia e Hérnia contam-se 20 anos de trabalho. O que permanece e o que ficou para trás no poeta e na poesia?
Leia mais sobre "Hérnia"
Na verdade ano que vem faz 30 anos que publiquei um poema numa coletânea com alguns poetas, em 1990. Agora, que mudou, sobretudo, é que o letrista foi tomando mais espaço e a necessidade, a vontade de fazer poesia escrita foi diminuindo, às vezes acho que acabou, que o "Hérnia" será o último, tenho pensado muito nisso, não sei...
Ao contrário das canções, que estou gostando cada vez mais de fazer, novos parceiros, ansioso para lançar o CD de comemoração dos meus 50 anos, com uma coletânea das minhas músicas gravadas por aí...

- Qual coletânea é essa de 1990,  quem organizou?
A coleção se chamava "Poetas de hoje", da Editora Shogum. Nem tenho mais o livro - a dona era a mulher do Paulo Coelho, Cristina Oiticica

- Como foi a experiência do poema em prosa no novo livro? Por que optou por essa forma?
Capa do CD
"Hoje o dia raiou mais cedo"
Depois do "Azul", achei e acho que o verso escrito tinha se esgotado pra mim, tudo que escrevia achava ruim, repetitivo, uma intuição que o tal ciclo tinha se encerrado naturalmente... Aí no ano de 2017 tive um monte de internações, por conta de uma hérnia-de-disco muito séria, morfina e tal (até hoje tomo remédio para as dores), coisa braba... na ocasião uns seis meses de idas e vindas ao hospital (a operação não era recomendável), tentei escrever sobre e nada saía, até que percebi que só poderia narrar o acontecido através da prosa, foi mais ou menos isso.

- Como anda a divulgação e a recepção de "Hoje o dia raiou mais cedo"? Fale um pouco sobre esse projeto.
O lançamento virtual do cd será em breve na Spotify e coisas do tipo, o físico sai em abril e depois os shows de lançamento.

 - Os projetos de livro são mais solitários do que as parcerias musicais? Fale um pouco de como é o trabalho com você e seus parceiros da música? (Fala aqui do projeto do cabaré também.)
Capa do CD "50 anos"
Ambos são sempre solitários, porque na maioria das vezes escrevo as letras para mandar para os meus parceiros, às vezes eles me entregam melodias para letrar (é mais raro) quando isso acontece também é solitário, embora a presença deles martele a minha cabeça, através das melodias, até que saia alguma coisa.
Mas, o que eu mais gosto realmente é a possibilidade de compor com artista que admiro e ser interpretado por cantores de que sou fã. Isso não tem preço. Os projetos são todos nesse sentido, como o "Cabaré de Asfalto", o CD de 50 anos, que sairá até o final do ano, com a participação do Ney Matogrosso, Frejat, Nelson Sargento, Moacyr Luz, entre outros e também o CD "Panela-de-barro", que será para 2020, com canções com temáticas sobre roça e religião.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro Oswaldo, você vai de encontro a sua própria definição de poeta!! Gostei demais. Gostei demais. Cynthia

Convocatória

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