Existem velórios em que se percebe um sofrimento genuíno de
muitos. Mas neles (quem nunca notou?) há sempre uma ou duas vozes
que dissertam sobre a bolsa de valores ou sorriem ou dão até
gargalhadas.
Já ouvi de alguém (esse pronome indefinido é pra
esconder mesmo) que falou: "eu detesto tristeza em sepultamento,
eu fui num enterro de um amigo bem gozador e a gente ficou se
lembrando das piadas que ele contava. A turma deu muita gargalhada,
foi um velório fantástico" (antes, é claro, da cremação do
dito).
Existem velórios de todo tipo, como os exóticos em que
põem o morto com maquilagem carnavalesca, ou, como vi na internet,
dentro de um ringue. Existem aqueles de culturas diferentes da nossa.
Mas vocês hão de convir que todos eles cheiram a tristeza, até
mesmo um que mencionei mais acima.
O único velório que me causou
(e me causa) alegria inesgotável, dessas que vêm lá de minhas
veias, foi quando assisti sorrindo ao sepultamento da ditadura.
Um comentário:
Bem expressiva a postagem.
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