Começou essa semana a leitura do livro O que ela sussurra, de Noemi Jaffe, em nosso Grupo de Leitura.
Ouça, na voz de nossa autora Cynthia Magluta, o fragmento do poema "Anéis de Cinza", da poeta argentina Alejandra Pizarnik, citado na epígrafe do livro, e leia-o, na íntegra, aqui no Blog.
Anéis de cinza- Alejandra Pizarnik
(Tradução: Virna Teixeira e Carlos Machado)
A Cristina Campo
São minhas vozes cantando
para que não cantem eles,
os amordaçados cinzentos na aurora,
e os vestidos de pássaro desolado na chuva.
Há, na espera,
um rumor de lilás se rompendo.
E há, quando chega o dia,
uma partição do sol em pequenos sóis negros.
E quando é noite, sempre,
uma tribo de palavras mutiladas
busca asilo em minha garganta,
para que não cantem eles,
os funestos, os donos do silêncio.
ANILLOS DE CENIZA
A Cristina Campo
Son mis voces cantando
para que no canten ellos,
los amordazados grismente en el alba,
los vestidos de pájaro desolado en la lluvia.
Hay, en la espera,
un rumor a lila rompiéndose.
Y hay, cuando viene el día,
una partición del sol en pequeños soles negros.
Y cuando es de noche, siempre,
una tribu de palabras mutiladas
busca asilo en mi garganta,
para que no canten ellos,
los funestos, los dueños del silencio.
De Los Trabajos y Las Noches (1965)
Nenhum comentário:
Postar um comentário