domingo, 11 de abril de 2021

Vergonha? Só Naquelas horas - Carlos Augusto Corrêa

 

 Muro da vergonha. Noir, 1986



Quantas vezes já declarei meu amor a esta pátria. Este é o país de Machado e Drummond, que nos deu um Niemeyer e Darcy Ribeiro. Como omitir um Portinari, um Aleijadinho? E então vou também de Zumbi dos Palmares, do negro, do índio, do branco, dessa mistura toda a que se junta o samba. Este, o país que também se orgulha de ter criado a capoeira, nossa luta nacional. 

É bom, muito bom pertencer a um país onde nasceu César Lattes, o físico codescobridor do méson pi. Tão interessante quanto é saber que o país gerou Manuel de Abreu, cientista que descobriu um método de radiografar os pulmões, universalmente aceito.

Tudo isto é um estímulo à sensação de se pertencer a um pais de grandes realizações. Mas acontece que nem sempre andamos pelo Brasil sentindo essa grandeza mais do que fundamentada. Nem sempre o Corcovado vê a cidade princesinha desse jeito. 

Quando vejo um país que apressa julgamento de um candidato a presidente só pra vê-lo fora das eleições, quando vejo, ao contrário, essa mesma justiça demorando 50 anos pra julgar um político venal e endinheirado, é de desanimar. E as depredações a prédios?  Mais duro ainda é saber que somos governados por um ex-presidente interino acusado em mais de um processo e que só se manteve no poder devido a uma manobra judicial. O que se dizer a amigos estrangeiros? 

Triste, muito até, é saber que alguns candidatos às eleições de 2018 estão envolvidos em negociatas. Por isso que nessas horas, creiam, esse escriba aqui que lhes escreve cabisbaixo e tenso tem vergonha de ser brasileiro.

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